quinta-feira, 28 de abril de 2016

Cronologia dos principais momentos da vida de Galileu:
1564: Nasce em Pisa, em 15 de fevereiro, Galileu Galilei.
1575 a 1577:
Estuda em Florença.
1581 a 1585:
De volta a Pisa, estuda medicina, sem concluir o curso. Em 1584 inicia seus estudos de matemática. Em 1585 abandona a universidade sem obter grau.
1589 a 1592:
Torna-se professor de matemática em sua cidade natal, Pisa.
1592 a 1610:
Ocupando a cátedra de matemática no "Studio de Padua", realiza vários estudos e experiências sobre o problema de queda dos corpos e inventa diversos instrumentos. Em 1600 é publicada o Mysterium Cosmographicum de Kepler. Condenação e morte de Giordano Bruno. Em 1607 escreve a Defesa contra as Calúnias e Imposturas de Baldesar Capra. Em 1609 aperfeiçoa o telescópio.
1610:
Publica o Sidereus Nuncius (Mensageiro das Estrelas), obra que obteve grande repercussão na Europa. Nela, Galileu divulga o resultado de suas observações som o telescópio, afirmando, por exemplo, a existência de montanhas na Lua e de quatro satélites em torno de Júpiter. Retorna a Florença.
1610 a 1632:
Prossegue com suas observações astronômicas, polemizando intensamente com seus opositores. Critica abertamente a física aristotélica e o sistema cosmológico de Ptolomeu. Em 1612 publica o Discurso sobre as Coisas que estão sobre a Água e História e Demonstrações sobre as Manchas Solares. O dominicano Lorini denuncia a doutrina de Copérnico como herética. Em 1615 Lorini aponta Galileu ao Santo Ofício. Galileu recebe, em 1616, uma advertência formal da Inquisição, que condena as teorias sobre o movimento da Terra e proíbe o ensino do sistema heliocêntrico de Copérnico. Nesse ano, escreve o Discurso sobre o Fluxo e o Refluxo do Mar. É convocado para depor perante o cardeal Belarmino. Um decreto da Sagrada Congregação do Índex proíbe a doutrina de Copérnico. Galileu retorna a Florença em junho.
1623:
Inicia o Diálogo sobre os Dois Maiores Sistemas do Mundo.
1632:
Publica em Florença o Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo (Diálogo sobre os Dois Maiores Sistemas do Mundo), em fevereiro, criticando de novo o sistema aristotélico e defendendo Copérnico. Cinco meses depois, o livro é proibido pela igreja católica. Em outubro, recebe ordem de apresentar-se em Roma.
1633:
Inicia-se em 12 de abril o processo contra Galileu. Em 22 de junho, o cientista é obrigado a abjurar suas convicções. Condenado ao cárcere privado, vai para Arcetri e retoma seus estudos de mecânica.
1638:
Após algumas tentativas frustadas, publicam-se, na Holanda, o Discurso sobre Duas Novas Ciências, redigidos na prisão. Galileu já está completamente cego, mas segue suas investigações.
1642:
Em 18 de janeiro, morre Galileu, em Arcetri, com 78 anos.
Poema para Galileu
Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano, aquele teu retrato que toda a gente conhece, em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileu! Eu não disse Santo Ofício. Disse Galeria dos Ofícios).
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria...
Eu sei... Eu sei...
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileu Galilei!
Olha. Sabes? Lá na Florença está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa que entraste no calendário.
Eu queria agradecer-te, Galileu, a inteligência das coisas que me deste.
Eu, e quantos milhões de homens como eu a quem tu esclareceste, ia jurar - que disparate, Galileu!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça sem a menor hesitação - que os corpos caem tanto mais depressa quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileu?
Quem acredita que um penedo caia com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileu, daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo e tinhas à tua frente um guiso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo, que parecia impossível que um homem da tua idade e da tua condição, se estivesse tornando um perigo para a Humanidade e para a civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscava os lábios, e percorrias, cheio de piedade, os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas, desceram lá das suas alturas e pousaram como aves aturdidas - parece-me que estou a vê-las -, nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual conforme suas eminências desejavam, e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal e que os astros bailavam e entoavam à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma, aquelas abomináveis heresias que ensinavas e escrevias para eterna perdição da tua alma.
Ai, Galileu!
Mal sabiam os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo, que assim mesmo, empertigados nos seus caldeirões de braços, andava a correr e a rolar pelos espaços à razão de trinta quilômetros por segundo.
Tu é que sabias Galileu Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos, por isso era teu coração cheio de piedade, piedade pelos homens que não precisam sofrer homens ditosos a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso, estoicamente, mansamente, resististe a todas as torturas, a todas as angústias, a todos os contratempos, enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas, foram caindo, caindo, caindo, caindo, caindo sempre, e sempre, ininterruptamente, na razão direta dos quadrados dos tempos.
Antônio Gedeão

Fontes: http://matematica-na-veia.blogspot.com.br/2008/02/15-de-fevereiro-aniversrio-de-galileu.html

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